Acredito em fadas, gnomos, gênios, sacis, reinos encantados, mundos paralelos e na responsabilidade da palavra.
Por reconhecer o poder que ela exerce sobre nós, tenho como critério a qualidade do conteúdo na escolha dos livros que recomendo. Busco material que possa contribuir para o aprimoramento humano.
Desde 2010 faço um trabalho de garimpo, recolhendo "pedras preciosas" que identifico com meu olhar atento.
Este é um projeto independente, no qual não mantenho vínculo de divulgação com editoras, livrarias ou escritores. Os livros compartilhados são adquiridos por mim e fazem parte do meu acervo particular.
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12 março 2015

As Fabulosas Fábulas de Iauretê


Num fim de tarde chuvoso e frio como está agora, nada melhor que escrever sobre um livro novo. Novo pra mim, acabo de descobri-lo e será mais um integrante da minha biblioteca aqui em casa. Como gosto de compartilhar o que considero bom, aqui está ele! É um livro maravilhoso pra quem gosta de papos profundos sobre a vida. A narrativa nos traz a história de uma onça, chamada Iauretê. É uma onça-rei e que por magia de Tupã, de noite vira gente e de dia bicho, uma onça pintada. A história é contada em várias histórias, que são as fábulas, de um jeito bem interessante. Tudo acontece numa sequência analógica, orgânica. As histórias/fábulas vão surgindo como se fossem tecidas ou formando uma bela trança. Cada uma tem começo meio e fim, parece  não ter relação uma com a outra, mas no final se percebe que formam uma sequência a contar uma história só, assim surgem  as aventuras da onça/gente, que se casa com uma bela indiazinha chamada Kamakuã. Desta união nascem Juruá, que tornou-se um excelente caçador e Iauretê-mirim, um grande canoeiro.
O livro tem inicio com a onça/gente caindo em uma armadilha e vendo-se prestes a morrer pelos caçadores, passa a ter lembranças de sua vida inteira e desta forma o leitor mergulha nestas lembranças e a história é tecida. Tudo é muito intenso, belo e de grande sabedoria. Transcrevo algumas frases, só pra lhe dar uma ideia da riqueza do conteúdo: "- Calma! - Ouviu o silêncio de Tupã dizer. - Quando se está no buraco, a única coisa que não ajuda é o desespero."; "Quando você se contraria e faz coisas que não são da sua natureza, você deixa de se amar."; "Justiça não é fácil! Além disso, como tudo tem uma raiz, a verdadeira justiça busca a raiz de onde nasceu a injustiça." Não são belos e profundos estes trechos? Assim é  o livro inteiro!

 Estas fábulas indígenas são trazidas por Kaká Werá Jecupé, índio de origem tapuia, escritor, ambientalista, conferencista; fundador do Instituto Arapoty, organização voltada para a difusão dos valores sagrados e éticos da cultura indígena. As ilustrações são desenhos de sua filha Sawara, quando tinha 11 anos.


Este é um belo livro, indispensável para uma boa biblioteca.
Aceitem esta aventura e mergulhem na história de Iauretê, a onça/gente,  sua bela família, meio gente, meio onça e aprendam com a sábia cultura indígena, que conhecemo




s muito pouco, se quase nada.












*Pode ouvir um dos contos do livro narrado por mim, através do link:
https://soundcloud.com/ala-voloshyn/o-paje-alavoloshyn